ArtigosFratura e Pseudoartrose de Escafóide

O carpo é região do punho constituída por 8 ossos (escafóide, semilunar, piramidal, psiforme, trapézio, trapezóide, capitato e hâmato). O escafóide é o osso mais fraturado do carpo (60-70% das fraturas do carpo) e o segundo osso mais fraturado do punho (atrás apenas do rádio distal).

O mecanismo mais frequente é o trauma com o punho em extensão envolvendo práticas esportivas, quedas da própria altura e acidentes de moto, automóvel ou bicicleta.

O diagnóstico é suspeitado com história clínica detalhada e exame físico da região afetada. Os exames de imagem como a radiografia e tomografia podem confirmar o diagnóstico, entretanto não é incomum que as fraturas sem desvio não apareçam nas radiografias iniciais. Nesse caso, se existe suspeita ao exame inicial de que haja uma fratura oculta, pode-se repetir a radiografia após um período de duas semanas, ou idealmente se lançar mão de um exame que apontará mais precocemente a fratura, que é a ressonância magnética.

O tratamento varia de acordo com a localização da fratura no osso e grau de estabilidade da região. O tratamento conservador pode ser realizado em fraturas sem desvio com imobilização gessada por 8 a 12 semanas com acompanhamento ambulatorial adequado para avaliar a consolidação. No entanto o longo período que é necessário para a consolidação (até 12 semanas), pode se optar pelo tratamento cirúrgico mesmo nas fraturas sem desvio, a fim de se evitar os inconvenientes da imobilização prolongada

O tratamento cirúrgico é indicado nas fraturas com desvio e instáveis. Pode ser realizado com incisões pequenas (mini-open) ou abertas, por via dorsal ou volar a depender do tipo de fratura e região do osso fraturado.

(figura1)

Pseudoartrose do escafóide

Complicações: Uma das principais complicações é a pseudoartrose de escafóide (não consolidação do osso) figura 2. Isso pode ocorrer com mais frequência nas fraturas não identificadas precocemente, fraturas do polo proximal, fraturas desviadas em pacientes tabagistas. Um dos principais motivos para elevada taxa de pseudoartrose desse osso é a sua vascularização pobre na região. O grande problema com a instalação da pseudoartrose é que ocorre uma transmissão de cargas inadequado no punho que leva a um processo de desgaste precoce conhecido como SNAC(scaphoid nonunion advanced collapse).

As possibilidades terapêuticas vão variar de acordo com o nível do desgaste do punho que pode ser graduado em 4 níveis ( SNAC 1 – 4). Nos estágios iniciais é possível preservar o escafóide através da utilização de enxertos ósseos e fixação com parafuso canulado ou placa bloqueada. O enxerto ósseo pode ser vascularizado ou não-vascularizado. Os enxertos não-vascularizados são os mais tradicionais e os mais frequentemente utilizados, devido à simplicidade técnica para sua obtenção de diferentes áreas doadoras do corpo.

Nos casos mais avançados (artrose entre ossos do carpo) a manutenção do osso escafóide não é mais possível, sendo necessário procedimento de artrodese 4 cantos para melhora funcional e dolorosa. Pode ocorrer a manutenção de aproximadamente 50% dos movimentos do punho com essa cirurgia

Nos casos mais severos com comprometimento de todo o punho, a artrodese total do punho promove um alívio importante da dor às custas da perda total da capacidade de flexão e extensão do punho. Apesar de não ser uma cirurgia desejada pela maioria dos pacientes, nos casos de artrose difusa, ela é a única opção viável de tratamento